terça-feira, 3 de novembro de 2015


Lendas da Citânia de Sanfins

 

O PENEDO REBOLÃO

 

       Houve em tempos, na Citânia, um enorme penedo, polido e redondo como um seixo e, algumas vezes, tão leve como um novelo de lã. Era o “Penedo Rebolão”.

O penedo era a satisfação e o encanto dos rapazes que guardavam o gado nas encostas. Grande mistério estava escondido naquele calhau! Uma vez retirado do seu lugar, parecia ter o diabo consigo. Para onde quer que fosse, voltava ao sítio de onde o haviam retirado. Aquele penedo tinha um sítio próprio!

E isto sucedia dia atrás de dia, até que numa bonita tarde de primavera, um lavrador de Negrelos agarrou o penedo, carregando-o para cima do carro. Os rapazes tristonhos, queriam que a pedra voltasse para trás, mas o carro de bois lá seguiu, descendo a serra, em direção ao rio.

       Ao chegar à ponte de Negrelos, o lavrador atirou o penedo para o rio Vizela e das suas águas tumultuosas ergueu-.se uma jovem encantadora que exclamou:

– QUEBRASTE-ME O ENCANTO! HÁ MUITO QUE ISTO DEVERIA TER ACONTECIDO. ADEUS, QUE VOU PARA A MINHA TERRA.

       O calhau não voltou à serra, mas também ninguém soube mais notícias daquela jovem e bela moura encantada.

 

Lara Carvalho / Rodrigo Leal / André

 

 

 

 

O PENEDO DO SINO

 

      Na base da Citânia, junto ao penedo do Sino, vivia um humilde pastor com a sua única filha. A jovem era de linda e diariamente, de manhã bem cedo, levava o rebanho a pastar pela serra. Como não havia nada que lhe metesse medo, só regressava a casa quando o Sol se punha.

Numa fresca manhã, enquanto andava a soltar as cabras e as ovelhas, viu um sardão de olhos brilhantes no alto do Penedo. Por muito que fosse o barulho e a confusão do rebanho, o sardão mantinha-se imóvel. Decorridos alguns dias, a jovem pastora começou a achar graça e deu-lhe leite duma cabrinha branca que aparecera abandonada na serra. Porém, certo dia, o leite faltou à cabritinha e a rapariga, preocupada, desabafou:

“POBRE BICHINHO, NÃO SEI O QUE Há de SER DE TI”.

No dia imediato, no lugar do sardão, estava lá sentado um bonito moço.

“NÃO FUJAS, NÃO TENHAS MEDO. EU FUI TRANSFORMADO EM SARDÃO, SOU EU”. TU QUEBRASTE-ME O ENCANTO E MERECES SER RECOMPENSADA, PELOS NOVENTA DIAS EM QUE ME DESTES LEITE A BEBER. NÃO CONTES ISTO A NINGUÉM! O SEGREDO DE TUDO SERÁ A TUA FELICIDADE. ASSIM QUE ESTIVER SALVO, A CABRITINHA BRANCA VOLTARÁ A DAR LEITE, FICANDO TU, COM A CERTEZA DE QUE TUDO CORREU BEM” …

O jovem mouro deu-lhe, ainda um talismã, dizendo-lhe para que ela o guardasse muito bem seguro e que ao fim de três meses, já quando a cabra voltasse a dar leite, pegasse nele, abrindo o penedo no sítio que ele acabava de beijar, desejando-lhe que Alá a protegesse.

Posto isto, o mouro, parecendo um animal alado, encaminhou-se para o alto da Citânia e nunca mais foi visto.

A bondosa pastorinha ficou rica e, sedutora como era, casou com um jovem lavrador abastado das redondezas.

 

João / Mariana Peixoto / Simão /Joana

A FONTE DA MOIRA

 

Ao abrir uma presa, na encosta da Citânia, um moço encontrou uma linda moira lavando as suas teias de linho.

Quando estava prestes a abrir a presa, a jovem solicitou-lhe para que aguardasse um pouco mais até ela acabar a sua tarefa. O rapaz, olhou-a nos olhos e sorriu … mas tendo medo de pôr a sua alma em perigo, abriu a presa, desatando a correr pela levada, até aos campos.

A jovem moira ficou fula e, agarrando no seu poder, amaldiçoou a presa: “NUNCA NINGUÉM MAIS REGARÁ COM A ÁGUA DESTA FONTE!”

Nos campos e já farto de esperar pela água que não chegava, o rapaz resolveu regressar à presa. O espanto foi total! O rego estava somente orvalhado, e a presa praticamente vazia. A água passava o olho mas logo se escondia no lajedo.

Estava mais do que certo, que aquilo só podia ter sido obra do demónio.

A maldição tinha vencido e, ainda hoje, ninguém consegue aproveitar a água da Fonte da Moira, na encosta nascente da Citânia.

 

 

Eduardo / Lara Silva / Bianca / Rodrigo Regadas

 

 

 

 

 

 

 

 

 

A FONTE DE GRADES

Na Citânia (de Sanfins) havia uma fonte, para a qual as lindas mouras se deslocavam para lavar a roupa. Não era uma vulgar fonte e a roupa era posta a secar em grades de ouro maciço.

Uma manhã, indo um pastor a passar por aqueles lados, uma das mourinhas pediu-lhe um pouco de leite de cabra, propondo dar-lhe em troca um varão da sua grade.

O pastor, que era cristão, recusou a proposta, seguindo o seu caminho, porém se tivesse alinhado no negócio, teria ficado muito rico.

… E a Fonte de Grades ainda hoje lá está.

Mariana Sousa / Ângelo / Inês / Beatriz  

 

 

O MARTELÃO DA CITÂNIA

 

Aquando da construção da Citânia pelos mouros, estes não andavam sozinhos. Nas encostas da Serra moravam outras gentes. Para o lado do mar, moravam os do Monte Padrão (seja Monte Córdova) e para o lado do Rio Vizela, habitavam os de Roriz, lá ao fundo. Uns e outros eram fortes e também andavam a construir as suas coisas … A Citânia, a Capela do Senhor do Padrão e o Mosteiro (de Ferreira). No entanto, os mouros da Citânia eram os mais valentes de eles todos. Quando os pedreiros da Capela do Senhor do Padrão ou de Roriz lhes pediam o seu grande martelão, os mouros da Citânia atiravam-no pelo ar e ele lá ia ter.

Para agradecer tamanha boa vontade e registar tão grande valentia, os artífices do Mosteiro, lavraram nos rendilhões que sustentam o coro, a cabeça de um homem e de uma mulher do povo de Citânia.

 

 

Sofia / Luana / Diogo / Maria

O PENEDO VAZADO

 

Um humilde lavrador guardava o gado nas encostas da Citânia (de Sanfins). Acontecia, no entanto, que a “turina”, a mais bonita e abonada das suas vacas, andava muito estranha.

– VEM CÁ … TOMA! … Todos os dias à mesma hora, o raio da vaca desaparecia por entre as giestas e chega de barriga cheia mas sem qualquer leite no úbere! ABRENÚNCIO, SATANÁS!

Ali, tinha de haver feitiço … e um dia, o lavrador ganhou coragem para tirar todas as dúvidas. Agarrou-se ao rabo da vaca, pois tinha de saber o que se passava! À hora habitual, a “turina” abalou por entre o arvoredo e enfiou-se na mina do Penedo Vazado. Foram parar a um sítio muito belo, com um grande palácio. O palácio tinha o chão com tapetes e estava cheio de candeeiros de ouro e de cristal. Então, apareceu uma velha muito feia e magra. O seu largo vestido preto causava medo; daí o homem se ter escondido muito bem escondido! Tinha de haver mistério … E não é que a vaca ficou quietinha, enquanto a velha lhe tirava todo o seu leite. Cheia a vasilha, a vaca foi para as verdes pastagens e, quando a pança já estava farta, veio-se embora.

Mal chegaram cá fora, o homem desatou a correr por aquelas bouças e, atarantado nunca mais pensou na “turina”.

A lenda diz-nos que, a propósito, que, ainda nos nossos dias, em noites de luar, a vaca aparece a pastar na meia encosta da Citânia.

 

 

Leandro / Sara /Júlio / Núria

 

Lendas pesquisadas na Internet pelos alunos do 3ºA/2º de Meixomil.

(Baseado na brochura municipal “Lendas e Tradições do concelho pacense”)

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