Lendas da Citânia de
Sanfins
O
PENEDO REBOLÃO
Houve em tempos, na Citânia,
um enorme penedo, polido e redondo como um seixo e, algumas vezes, tão leve
como um novelo de lã. Era o “Penedo Rebolão”.
O
penedo era a satisfação e o encanto dos rapazes que guardavam o gado nas
encostas. Grande mistério estava escondido naquele calhau! Uma vez retirado do
seu lugar, parecia ter o diabo consigo. Para onde quer que fosse, voltava ao
sítio de onde o haviam retirado. Aquele penedo tinha um sítio próprio!
E isto
sucedia dia atrás de dia, até que numa bonita tarde de primavera, um lavrador
de Negrelos agarrou o penedo, carregando-o para cima do carro. Os rapazes
tristonhos, queriam que a pedra voltasse para trás, mas o carro de bois lá
seguiu, descendo a serra, em direção ao rio.
Ao chegar à ponte de Negrelos, o
lavrador atirou o penedo para o rio Vizela e das suas águas tumultuosas
ergueu-.se uma jovem encantadora que exclamou:
–
QUEBRASTE-ME O ENCANTO! HÁ MUITO QUE ISTO DEVERIA TER ACONTECIDO. ADEUS, QUE
VOU PARA A MINHA TERRA.
O calhau não voltou à serra, mas também
ninguém soube mais notícias daquela jovem e bela moura encantada.
Lara
Carvalho / Rodrigo Leal / André
O PENEDO DO SINO
Na base da Citânia, junto ao penedo do
Sino, vivia um humilde pastor com a sua única filha. A jovem era de linda e
diariamente, de manhã bem cedo, levava o rebanho a pastar pela serra. Como não
havia nada que lhe metesse medo, só regressava a casa quando o Sol se punha.
Numa
fresca manhã, enquanto andava a soltar as cabras e as ovelhas, viu um sardão de
olhos brilhantes no alto do Penedo. Por muito que fosse o barulho e a confusão
do rebanho, o sardão mantinha-se imóvel. Decorridos alguns dias, a jovem
pastora começou a achar graça e deu-lhe leite duma cabrinha branca que
aparecera abandonada na serra. Porém, certo dia, o leite faltou à cabritinha e
a rapariga, preocupada, desabafou:
“POBRE
BICHINHO, NÃO SEI O QUE Há de SER DE TI”.
No
dia imediato, no lugar do sardão, estava lá sentado um bonito moço.
“NÃO
FUJAS, NÃO TENHAS MEDO. EU FUI TRANSFORMADO EM SARDÃO, SOU EU”. TU QUEBRASTE-ME
O ENCANTO E MERECES SER RECOMPENSADA, PELOS NOVENTA DIAS EM QUE ME DESTES LEITE
A BEBER. NÃO CONTES ISTO A NINGUÉM! O SEGREDO DE TUDO SERÁ A TUA FELICIDADE.
ASSIM QUE ESTIVER SALVO, A CABRITINHA BRANCA VOLTARÁ A DAR LEITE, FICANDO TU,
COM A CERTEZA DE QUE TUDO CORREU BEM” …
O
jovem mouro deu-lhe, ainda um talismã, dizendo-lhe para que ela o guardasse
muito bem seguro e que ao fim de três meses, já quando a cabra voltasse a dar
leite, pegasse nele, abrindo o penedo no sítio que ele acabava de beijar,
desejando-lhe que Alá a protegesse.
Posto
isto, o mouro, parecendo um animal alado, encaminhou-se para o alto da Citânia
e nunca mais foi visto.
A
bondosa pastorinha ficou rica e, sedutora como era, casou com um jovem lavrador
abastado das redondezas.
João / Mariana Peixoto / Simão /Joana
A FONTE DA MOIRA
Ao
abrir uma presa, na encosta da Citânia, um moço encontrou uma linda moira
lavando as suas teias de linho.
Quando
estava prestes a abrir a presa, a jovem solicitou-lhe para que aguardasse um
pouco mais até ela acabar a sua tarefa. O rapaz, olhou-a nos olhos e sorriu …
mas tendo medo de pôr a sua alma em perigo, abriu a presa, desatando a correr
pela levada, até aos campos.
A
jovem moira ficou fula e, agarrando no seu poder, amaldiçoou a presa: “NUNCA
NINGUÉM MAIS REGARÁ COM A ÁGUA DESTA FONTE!”
Nos
campos e já farto de esperar pela água que não chegava, o rapaz resolveu
regressar à presa. O espanto foi total! O rego estava somente orvalhado, e a
presa praticamente vazia. A água passava o olho mas logo se escondia no lajedo.
Estava
mais do que certo, que aquilo só podia ter sido obra do demónio.
A
maldição tinha vencido e, ainda hoje, ninguém consegue aproveitar a água da
Fonte da Moira, na encosta nascente da Citânia.
Eduardo
/ Lara Silva / Bianca / Rodrigo Regadas
A FONTE DE GRADES
Na Citânia (de Sanfins) havia uma fonte, para a qual as
lindas mouras se deslocavam para lavar a roupa. Não era uma vulgar fonte e a
roupa era posta a secar em grades de ouro maciço.
Uma manhã, indo um pastor a passar por aqueles lados, uma
das mourinhas pediu-lhe um pouco de leite de cabra, propondo dar-lhe em troca
um varão da sua grade.
O pastor, que era cristão, recusou a proposta, seguindo o
seu caminho, porém se tivesse alinhado no negócio, teria ficado muito rico.
… E
a Fonte de Grades ainda hoje lá está.
Mariana
Sousa / Ângelo / Inês / Beatriz
O MARTELÃO DA CITÂNIA
Aquando
da construção da Citânia pelos mouros, estes não andavam sozinhos. Nas encostas
da Serra moravam outras gentes. Para o lado do mar, moravam os do Monte Padrão
(seja Monte Córdova) e para o lado do Rio Vizela, habitavam os de Roriz, lá ao
fundo. Uns e outros eram fortes e também andavam a construir as suas coisas … A
Citânia, a Capela do Senhor do Padrão e o Mosteiro (de Ferreira). No entanto,
os mouros da Citânia eram os mais valentes de eles todos. Quando os pedreiros
da Capela do Senhor do Padrão ou de Roriz lhes pediam o seu grande martelão, os
mouros da Citânia atiravam-no pelo ar e ele lá ia ter.
Para
agradecer tamanha boa vontade e registar tão grande valentia, os artífices do
Mosteiro, lavraram nos rendilhões que sustentam o coro, a cabeça de um homem e
de uma mulher do povo de Citânia.
Sofia
/ Luana / Diogo / Maria
O PENEDO VAZADO
Um
humilde lavrador guardava o gado nas encostas da Citânia (de Sanfins).
Acontecia, no entanto, que a “turina”, a mais bonita e abonada das suas vacas,
andava muito estranha.
–
VEM CÁ … TOMA! … Todos os dias à mesma hora, o raio da vaca desaparecia por
entre as giestas e chega de barriga cheia mas sem qualquer leite no úbere!
ABRENÚNCIO, SATANÁS!
Ali,
tinha de haver feitiço … e um dia, o lavrador ganhou coragem para tirar todas
as dúvidas. Agarrou-se ao rabo da vaca, pois tinha de saber o que se passava! À
hora habitual, a “turina” abalou por entre o arvoredo e enfiou-se na mina do
Penedo Vazado. Foram parar a um sítio muito belo, com um grande palácio. O
palácio tinha o chão com tapetes e estava cheio de candeeiros de ouro e de cristal.
Então, apareceu uma velha muito feia e magra. O seu largo vestido preto causava
medo; daí o homem se ter escondido muito bem escondido! Tinha de haver mistério
… E não é que a vaca ficou quietinha, enquanto a velha lhe tirava todo o seu
leite. Cheia a vasilha, a vaca foi para as verdes pastagens e, quando a pança
já estava farta, veio-se embora.
Mal
chegaram cá fora, o homem desatou a correr por aquelas bouças e, atarantado
nunca mais pensou na “turina”.
A
lenda diz-nos que, a propósito, que, ainda nos nossos dias, em noites de luar,
a vaca aparece a pastar na meia encosta da Citânia.
Leandro
/ Sara /Júlio / Núria
Lendas pesquisadas na Internet pelos alunos do 3ºA/2º de
Meixomil.
(Baseado na brochura municipal “Lendas e Tradições do
concelho pacense”)
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